A prática budista existe para nos dar força para vencer as próprias fraquezas
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A prática budista existe para nos dar força para vencer as próprias fraquezas

A história de Masako Nakagawa é contada no volume 3 do romance Nova Revolução Humana e remonta à infância, quando, devido à erisipela, teve de amputar a perna direita na altura do joelho.

Kenichiro Uchida

Por volta de 1960, Masako assumiu a responsabilidade de atuar como líder da Divisão Feminina de Jovens no Distrito Mito. A indicação e a nomeação foram feitas pelo recém-empossado terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda.

No dia da nomeação, ele a orientou:

“Jamais deve recuar ou desistir por ter uma deficiência física. O que decide a vitória é a firme determinação”.

No entanto, a jovem acreditava que não conseguia atuar com a mesma eficiência das outras líderes, em razão de sua deficiência física. Sem perceber, Masako entregou-se à covardia. Nos momentos difíceis, duvidava do seu potencial porque considerava a sua deficiência culpada de tudo.

Três meses depois da nomeação, ela participou de um diálogo com o presidente Ikeda. E quando teve a oportunidade de falar, desabafou:

— Não consigo atuar da mesma forma que os outros. Esforço-me ao máximo, mas não consigo obter os resultados almejados. Não tenho condições de liderar as atividades do meu distrito...

Quando Masako expôs o problema, o presidente Ikeda desejou elogiá-la e protegê-la. Sua vontade era de que ela não tivesse nenhum encargo. Porém, percebendo a fraqueza que a impediria de vencer na vida, optou por ser rigoroso e disse com dor no coração:

— Da maneira como fala, parece-me que as pessoas que a nomearam são culpadas. Isso é lamentável demais para uma líder da Divisão Feminina de Jovens. Não gosto de covardes! Masako ficou estarrecida.

Ele sabia do sentimento dela e do seu sofrimento. Mas nenhuma oportunidade poderia ser negada àquela moça. Dó e sentimentalismo não acrescentariam nada de positivo. O que Masako necessitava era de força para viver dignamente como ser humano, pois teria de enfrentar o preconceito motivado por sua deficiência física. A realidade jamais seria complacente com ela.


A verdadeira luta de Masako era para comprovar esta verdade de que, como escreveu o líder da SGI, “o budismo é justo para todas as pessoas. Mesmo que alguém possua alguma deficiência física, pode brilhar como ser humano e atingir o estado de suprema felicidade”.

Kenichiro Uchida

Ao indicá-la como líder de distrito, o presidente Ikeda estava ciente das condições da moça. Masako foi escolhida devido à sua atitude sincera em relação à prática budista.

Após o fim da reunião de diálogo, o presidente Ikeda continuava a pensar em Masako. Tinha a certeza de que ela seria capaz de entender sua orientação e que daria início a um novo desafio. A rigorosidade dele estava baseada nessa confiança.

Ele chamou o diretor Minoru Suzumoto, coordenador da província de Ibaraki, e disse:

— Hoje, repreendi aquela líder das jovens, e sei que ela não é covarde e está se esforçando bastante. Se avançar mais um passo e quebrar a concha de sua fraqueza, abrirá um grandioso caminho para a felicidade. Ela deve estar muito triste, mas tenho certeza de que irá renovar a sua decisão e empenhar-se com toda a força em sua localidade. Ela vem lutando contra as dificuldades e seu próprio destino e é por isso que compreende os sofrimentos de outras pessoas; ela se tornará uma líder brilhante, um tesouro de grande valor. Quero que o senhor a incentive também.


Após o diálogo, Masako foi recitar daimoku. Durante a recitação, percebia a sua fraqueza por ter pensado em desistir do cargo apesar da recomendação do presidente Ikeda, na ocasião da entrevista, de “jamais recuar ou desistir da luta”.

“Como fui covarde”, pensou ela. “Eu fui derrotada quando menosprezei a mim mesma. Meu mestre percebeu isso e tentou derrubar a minha fraqueza... Ele deve ter se decepcionado comigo.”

Ao chegar a essa conclusão, Masako não segurou o choro. Nesse instante, o diretor Suzumoto chegou e mencionou a conversa que teve com o líder da SGI:

Kenichiro Uchida

— O presidente Ikeda alimenta grande expectativa em você. E disse: “Ela não é covarde. Com certeza vai se empenhar ao máximo”. A orientação dele foi para despertar a coragem em você.

Masako sentiu as palavras de Suzumoto como fachos de luz penetrando em seu coração obscurecido pela tristeza. Um sorriso surgiu acompanhado de lágrimas. Eram lágrimas de sincera alegria, como também de juramento. Daquele dia em diante, ela se livrou das garras do sentimentalismo com uma nova decisão.



Fonte: Terceira Civilização, ed. 571, 9 mar. 2016

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