Nenhuma espada pode cortar o ar; nenhum fogo pode queimar a água. Da mesma forma, não há fogo que destrua um venerável, um reverenciável, uma pessoa afortunada ou uma pessoa de sabedoria.
A grande cidade de Rajagriha, na Índia, possuía novecentas mil habitações. Apesar disso, incêndios irromperam em sete ocasiões e destruíram toda a cidade.
Quando o rei viu as pessoas prestes a fugir em desespero, caiu em profunda tristeza. Nesse momento, um sábio o aconselhou:
— Considerados um dos sete desastres, incêndios ocorrem quando um venerável abandona o país e a boa sorte do governante se esgota. Porém, nesse caso, apesar de as chamas terem consumido as casas de toda a população, não chegaram nem uma vez a tocar o palácio real. Isso indica que o erro não está no governante, mas nas pessoas. Por isso, se o senhor dar o nome de todas as habitações de Rajagriha – "Palácio Real" –, a divindade do fogo temerá queimar a casa delas.
O nome revela a essência de algo. O rei julgou esse conselho sensato e mudou o nome da cidade para Rajagriha.
Depois disso, nunca mais houve incêndio. Essa história nos ensina que o fogo não pode destruir uma pessoa de grande boa sorte.
O buda Nichiren Daishonin cita esta história no escrito O Palácio Real, enviado a um de seus principais discípulos, Shijo Kingo, em resposta a uma carta em que relata os incêndios no templo Gokuraku-ji, cujo prior, Ryokan, era um dos maiores caluniadores do ensinamento correto em sua época, e no palácio do xogum.1
Daishonin atribui os incêndios à perda de boa sorte das pessoas. Ele afirma que tudo isso era resultado das calúnias contra o ensinamento correto.
A história de Rajagriha (Palácio Real) aparece em Palavras e Frases do Sutra do Lótus, de Tiantai, para fundamentar o argumento sobre a necessidade de se ter boa sorte. Em virtude de o rei de Rajagriha possuir boa sorte, ele conseguiu proteger seu povo e a capital.
Nota:
1. xogum: a distinção militar usada antigamente no Japão concedida pelo imperador.